janeiro 04, 2011

Dormir de barriga para cima é mais seguro para o bebê

A Pastoral da Criança está lançando uma campanha nacional para esclarecer a população sobre os riscos da morte súbita, orientando sobre a posição correta para o bebê dormir: de barriga para cima. A Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL) ou morte do berço acontece durante o sono, em crianças com menos de um ano de idade, em que a história clínica, o exame físico, a necropsia e o exame do local do óbito não demonstram a causa específica do mesmo. 

Principal causa de morte no primeiro ano de vida nos países desenvolvidos, a SMSL predomina em meninos e sua maior incidência é no inverno. De acordo com pesquisadores do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e campanhas recentes divulgadas nos Estados Unidos e na Inglaterra, o simples fato de colocar o bebê para dormir de barriga para cima pode reduzir em mais de 70% o risco de morte súbita. 

Segundo o doutor em Epidemiologia pela London School of Hygiene and Tropical Medicine, pesquisador da UFPel e coordenador do Comitê de Mortalidade Infantil da cidade de Pelotas, Cesar Victora, ao dormir com a barriga para baixo o bebê respira um ar viciado, que ele próprio expira. ''Uma criança maior ou um adulto acordariam ou trocariam de posição para evitar o sufocamento, mas em alguns bebês a parte do cérebro que controla este reflexo ainda não está desenvolvida e eles acabam morrendo por asfixia.'' 

Os coordenadores da campanha defendem que os riscos de dormir de lado, hábito cultural das mães latino-americanas, são semelhantes a dormir de barriga para baixo, já que muitos bebês rolam e ficam nesta posição. A preocupação dos pais de que ao dormir de barriga para cima o bebê vai aspirar o vômito e se afogar não passaria de uma crença popular. A Pastoral da Criança defende que se uma criança está deitada de barriga para cima e se afoga, sua tendência, por instinto, é tossir e com isso chamar a atenção dos pais. 

Segundo a coordenadora arquidiocesana da Pastoral da Criança de Londrina, Maria Brígida Sampaio de Souza, na Arquidiocese de Londrina, que abrange 15 municípios, cerca de 1,2 mil líderes comunitárias irão visitar as famílias e orientar os pais sobre o assunto. A ação também contempla a distribuição de 120 mil ''santinhos'' com dicas para evitar a morte súbita e 1,4 mil cartazes pelas cidades. 

Orientada pela líder Luzia de Barros, a dona de casa Solange Olímpio da Silva, recebeu com surpresa a informação de que deveria colocar o filho Daniel, de pouco menos de um mês, para dormir de barriga para cima. ''Sempre coloquei meus três outros filhos para dormir de lado porque via as outras mães colocando os seus bebês nesta posição. Agora vou colocar o Daniel para dormir de barriga para cima'', garantiu. 

Posição não é consenso entre pediatras 

A defesa da posição supina (de barriga para cima) como a melhor para o bebê dormir não é consenso entre os pediatras. Segundo o diretor do Departamento de Pediatria da Associação Médica de Londrina (AML) e presidente do Departamento Científico e Defesa Profissional da Sociedade Brasileira de Pediatria, Milton Macedo de Jesus, cada bebê procura uma posição em que fique confortável. Ele também adverte que quando a criança possui refluxo a posição indicada é a decúbito lateral esquerdo na posição de 30 graus, ou seja, levemente inclinado. 

O pediatra também pondera que, embora nos países desenvolvidos tenha sido descoberta a relação entre a posição prona (de barriga para baixo) e casos de Síndrome da Morte Súbita de Lactente (SMSL), é simplista considerá-la como principal fator. ''Há uma forte co-relação entre a morte súbita de bebês e outros fatores, como o tabagismo passivo, baixo peso ao nascer, prematuridade, mães adolescentes ou solteiras, dependência materna de drogas, excesso de roupas, aleitamento artificial e episódios de aparente risco de vida'', cita. 

Ele também ressalta que o diagnóstico da SMSL é feito por exclusão de outras prováveis causas, por meio de cuidadoso exame pós-obito onde, necessariamente, realiza-se necropsia. Contudo, ressalta, no Brasil quase não se faz necropsia em lactente, portanto, não há uma estatística confiável de vítimas de Síndrome da Morte Súbita. ''Em Londrina, as necropsias em bebês de até um ano restringem-se a mortes violentas. Além disso, ainda há o problema de 50% das Declarações de Óbito serem preenchidas incorretamente'', revela o profissional, que é ex-presidente do Comitê Regional de Mortalidade Infantil. 

Dicas para evitar a morte súbita dos bebês 

Coloque seu bebê para dormir de barriga para cima; 

Amamente: até o 6º mês dê somente leite materno; 

Não fume e nem deixe que fumem dentro da sua casa, principalmente durante a gestação e na presença de crianças pequenas; 

Não agasalhe demais o bebê; 

Deixe os braços do bebê livres, para fora das cobertas, assim, evita-se que ele deslize na cama e fique com a cabeça embaixo das cobertas; 

Deixe fora do berço travesseiros, brinquedos, almofadas e outros objetos fofos; 

A temperatura do quarto deve ser confortável para um adulto vestindo roupas leves. O bebê não deve parecer quente ao ser tocado; 

O bebê deve dormir sozinho em sua própria cama ou berço e não na cama de seus pais ou com outras crianças. 

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